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quarta-feira, 22 de abril de 2009

comentário acerca dos românticos e do isolamento

tenho sido nos últimos 15 dias um completo incompetente social, esta modalidade por um lado difícil e por outro cômoda de me envolver com as pessoas. com isso quero dizer que me é impossível negar como, antes de sociável, ser já sociado e, principalmente, anti-romântico. no fundo, descubro que o romantismo foi mal interpretado pela modernidade e mais mal interpretado ainda pela pós-modernidade, essa qualquer-coisa-aí nefasta e boçal. o romantismo, em música, é mais simples de ser entendido e conceituado do que em literatura ou qualquer outra arte ou política. basta olhar a amplitude dos arcos (e não a supremacia de um destes elementos, da amplitude, como nos modernos, ou dos arcos, como nos estruturalistas).

2 comentários:

Passionária disse...

Não sei se concordo com a sua afirmação sobre romântismo em literatura. Daquilo que conheço, o romântismo enquanto corrente literária é dos mais fáceis de ver, classificar, analisar, talvez por se afirmar de forma tão definitiva, tão dramática: Sturm und Drang. Esta agitação excessiva, sibarita, é fácil de ver, de medir em literatura. Aliás, é precisamente por ser tão fácil de ver que é tão facilmente transvestido, caricaturado, açucarado até chegar ao conceito actual de romantismo. Porque acredite, esta noção actual é uma desapropriação, uma corrupção da noção original.
Já se falarmos de uma peça assumidamente romântica, a abertura do Fidelio, que é uma favorita minha, por exemplo, sinto-lhe a agitação interior, mas não tão clara que seja caricaturável. Mas também é verdade que percebo mais de literatura que de música.

cazarim de beauvoir disse...

o problema é que beethoven não é nem romântico nem clássico. ou melhor, talvez seja ele o ponto em que, na música, tudo poderia vir a ser: a legitimação do legado beethoviano como o germe do romantismo pelos românticos como brahms, liszt ou schumann é apenas uma auto-incompreensão e má apropriação das influências de beethoven. para ser mais preciso, enquanto efetividade, ou seja, enquanto o que restou e perdurou, beethoven é romântico; enquanto aquilo que não era garantia de futuro, enquanto era compositor vivo, incerto, pesquisador, violento, beethoven não era senão (e que este 'senão' seja entendido como a mais positiva caracterização de um homem de gênio) um quase.

mas deixemos beethoven de lado por ora, porque penso muito mais no romantismo reconhecível, nessa frase alargando-se, como em chopin, rachmaninoff, liszt e, sobretudo, strauss, mahler e wagner. não que eu entenda mais de música ou que isso seja o bastante para explica o que eu disse. é que, em música, as associações que traço são muito visuais e táteis às vezes. por exemplo, olho para os arcos nos noturnos de chopin ou nas peças de schumann, skriabin e tantos outros. e lá está o grande arco traçado, visível. as palavras me tornam cego. porém, ouço mais e melhor.

uma última palavra sobre beethoven: o que me intriga é saber como, nos três pilares da nova música (schoenberg, debussy e stravinsky) o que parece ressurgir é justamente a concisão dos motivos de beethoven. não é à toa que arthur netrovski diz (aproximadamente), com propriedade, que beethoven é o primeiro moderno.