tag:blogger.com,1999:blog-41242354674080350922024-03-08T10:51:45.735-03:00música de câmaras"Son joyeux, importun, d’un clavecin sonore." - Pétrus Borelcazarim de beauvoirhttp://www.blogger.com/profile/05846667016830492377noreply@blogger.comBlogger48125tag:blogger.com,1999:blog-4124235467408035092.post-68549381441127468532011-12-14T07:27:00.001-02:002011-12-14T07:29:52.221-02:00apátridas, ou “lamento para coro e piano a quatro mãos”<p><font size="1">“Mas há períodos em que o escravo livre não tem estatuto social, ele está fora de tudo. Deve ter sido assim para a geração dos negros na América com a abolição da escravidão. Quando houve a abolição ou então na Rússia, não tinham previsto um estatuto social para eles e foram excluídos. Interpretam erroneamente como se eles quisessem voltar a ser escravos! Eles não tinham estatuto. É neste momento que nasce o grande lamento. Mas não é pela dor, é uma espécie de canto e é por isso que é uma fonte poética. Se eu não fosse filósofo e fosse mulher, eu gostaria de ter sido uma carpideira. A carpideira é uma maravilha porque o lamento cresce. É toda uma arte! Além do mais, tem um lado pérfido: não se queixe por mim, não me toque. É um pouco como as pessoas demasiadamente polidas. Pessoas querendo ser cada vez mais polidas. Não me toque! Há uma espécie de... A queixa é a mesma coisa: "não tenha pena de mim, disso cuido eu". Mas ao cuidar disso, a queixa se transforma. E voltamos à questão de algo ser grande demais para mim. A queixa é isto. Eu bem que gostaria de todas as manhãs sentir que o que vivo é grande demais para mim porque seria a alegria em seu estado mais puro. Mas deve-se ter a prudência de não exibi-la, pois há quem não goste de ver pessoas alegres. Deve-se escondê-la em um tipo de lamento. Mas este lamento não é só a alegria, também é uma inquietude louca. Efetuar uma potência, sim, mas a que preço? Será que posso morrer? Assim que se efetua uma potência, coisas simples como um pintor que aborda uma cor, surge esse temor. Ao pé da letra, afinal, acho que não estou fazendo Literatura quando digo que a forma como Van Gogh entrou na cor está mais ligada à sua loucura do que fazem supor as interpretações psicanalíticas, e que são as relações com a cor que também interferem. Alguma coisa pode se perder, é grande demais. Aí está o lamento: é grande demais para mim. Na felicidade ou na desgraça... Em geral, na desgraça. Mas isso é detalhe.” - </font><font size="1"><em>Deleuze e Parnett, <a href="http://intermidias.blogspot.com/1994/11/j-de-joie-alegria.html">“O abecedário de Deleuze: joie [alegria]</a></em></font></p> <p><em><font size="1"></font></em></p> <p> </p> <p><font size="2">“isso é grande demais, meu deus. é grande demais. me ultrapassa, é muito.” (os astutos ouvem uma reclamação, mas os sãos compreendem: essa alegria é grande demais, meu deus.)</font></p> <p><font size="2">“dói, porque é grande demais. ai, meu deus!” (aqui riem-se os maliciosos. os castos, no entanto, compreendem: a liberdade é grande demais para ser hasteada em praça pública. e sabem que há um preço a se pagar por ela, mas não podem prevê-lo. por isso, é preciso disfarçar a liberdade em dor, como fernando pessoa dizia sobre o poeta: fingindo ser dor a dor que deveras. </font></p> <p><font size="2">sem revelar a <em>causa</em> da dor. principalmente porque isso não importa mais. a liberdade é grande demais para que eu, apátrida, me lembre de minhas origens.)</font></p> cazarim de beauvoirhttp://www.blogger.com/profile/05846667016830492377noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4124235467408035092.post-1077029184700848292011-08-15T02:37:00.001-03:002011-08-15T02:48:44.860-03:00Recital “Música dos séculos XX e XXI para piano e canto”<p>Piano: Thiago Cazarim <br />Soprano: Patrícia Mello </p> <p>Local: Teatro da EMAC/UFG - Campus II (Samambaia) <br />Horário: 09:20h - 10:10h</p> <p>Goiânia – GO.</p> <p> </p> <p><em>Notas de programa</em></p> <p> </p> <p><b><i><u>Nacional “vs.” internacional na música brasileira</u></i></b></p> <p><b>Camargo Guarnieri (1907 – 1993)</b>: <b><i>Ponteios 2 e 49</i></b></p> <p>O <i>Ponteio 2</i> (Raivoso e ritmado) constitui-se da apresentação de uma insistente célula rítmico-melódica tocada inicialmente pela mão esquerda do pianista, à qual se soma imediatamente a melodia principal, que, sendo ao mesmo tempo cantante e áspera, lembra um ponteado de viola caipira e a sonoridade marcante de suas cordas de aço. Já no <i>Ponteio 49 </i>(Torturado), homenagem ao compositor russo Alexander Skriabin (1872 – 1915), Guarnieri insere o ouvinte no ambiente dos recitais de virtuoses ao explorar elementos típicos do pianismo europeu novecentista, sobretudo a grande gama de intensidades (do muito suave a um triplo <i>forte</i>) e o uso de toda a extensão do teclado, elementos estes que distinguem tanto o uso do piano no século XVIII (mais contido e controlado) quanto nos séculos XX e XXI (muitas vezes mais percussivo ou timbrístico que “cantado”).</p> <p><b><i><u></u></i></b></p> <p><b><i><u></u></i></b></p> <p><b><i><u></u></i></b></p> <p><b><i><u>Atmosferas</u></i></b></p> <p><b>Claude Debussy (1862 – 1918): <i>Trois Chansons de Bilitis </i></b><i>(“la chevelure” e “le tombeau des Naïades”)</i></p> <p><b>Pierre Boulez (n. 1925): <i>Douze notations pour piano </i>(1. Fantasque – Modéré; 2. Très vif; 5. Doux et improvisé; 4. Rythmique; 9. Lointain – Calme ; 10. Mécanique et très sec)</b></p> <p>Escritas a partir dos poemas de Pierre Louÿs, as canções que constituem o ciclo de Debussy são um tributo ao modo de vida pagão e à sensualidade hedonista que, segundo o compositor, teria caracterizado a vida na Grécia antiga. Tanto em <i>“la chevelure”</i>, cuja ideia poética gira em torno de um sonho erótico (“esta noite sonhei [...] eu tinha teus cabelos ao redor de minha nuca e sobre meu peito, tal como um colar negro”), quanto em <i>“le tombeau des Naïades”</i>, em que o eu-lírico é levado progressivamente a descobrir o túmulo das ninfas dos mananciais (“os sátiros estão mortos [...] e as ninfas também”; “há trinta anos não há um inverno tão terrível”, “com o ferro de sua enxada, cavou o gelo onde outrora riam as Náiades”), Debussy estabelece a transição dos planos dramáticos do texto pelo recurso à um tratamento “colorístico” das harmonias do piano, que, entre outras coisas, tem por objetivo recriar musicalmente a atmosfera sugestiva dos poemas de Louÿs.</p> <p>Já o ciclo dodecafônico de Boulez compõe-se de “acontecimentos” musicais breves e contrastantes, que criam doze pequenas atmosferas sugeridas por seus respectivos subtítulos. <i>Grosso modo</i>, podemos dizer que<i> </i>os contrastes e as diferenças, mais do que uma suposta organicidade formal ou identidades estruturais, é que garantem a unidade desta composição.</p> <p> </p> <p><b><i><u>A-tonalidade: as novas consonâncias</u></i></b></p> <p><b>Estércio Marquez Cunha (n. 1941): <i>Cantiga silenciosa</i></b></p> <p><b>Edson Zampronha (n. 1963): <i>Nessun maggior dolore</i></b></p> <p>A <i>Cantiga silenciosa</i> estrutura-se a partir de blocos sonoros rarefeitos e delicados do piano que se opõem e entrecruzam com a linha vocal, colaborando para a ambientação do poema utilizado por Estércio. Podemos dizer sem medo que se trata de uma composição “a-tonal” num sentido próximo ao do compositor Koellreutter: a dualidade tonal/não-tonal é superada em favor de uma concepção timbrística, integradora das dissonâncias e consonâncias no mesmo tecido sonoro.</p> <p>De modo semelhante, Edson Zampronha explora o uso de diferentes blocos sonoros e motivos estáveis – eis um possível sinônimo da concepção expandida de consonância destes compositores – para estabelecer a tensão dramática do trecho da <i>Divina comédia</i> em que Dante escuta o lamento das almas de Francesca da Rimini e Paolo Malatesta no purgatório. Segundo o próprio Zampronha explica, “Paolo era irmão de Gianciotto, e Gianciotto era casado com Francesca. Francesca e Paolo se apaixonaram. Certo dia, [enquanto liam sobre o amor proibido entre sir Lancelot e Guinevere – esposa do rei Arthur] foram surpreendidos por Gianciotto, que os matou”. Vê-se um espelhamento fundamental perpassar a obra de Dante em direção à de Zampronha: o triângulo da lenda britânica se repete na narrativa de Dante, e também nas três formas de execução do conjunto piano/voz: solo (instrumento ou canto), <i>recitativo</i> (canto quase falado acompanhado pelo piano) e <i>Lied</i>, ou seja, canção no sentido mais usual do termo.</p> <p> </p> <p><b></b></p> <p><b><i><u>Pós[?]-modernidade: reciclagem e ironia</u></i></b></p> <p><b>András Derecskei (n. 1982): <i>Étude nº 2</i></b></p> <p><b>Raúl Peña (n. 1985): <i>Nociones</i></b></p> <p>As três seções do <i>Étude nº 2</i> caracterizam-se pela tentativa de recuperar a unidade formal e estrutural possibilitadas pelo tonalismo sem recair nos clichês tradicionais. Raúl Peña, ao contrário, faz um uso muito particular do dodecafonismo e do tonalismo em <i>Nociones</i>, organizada como uma sequência de episódios que, mesmo baseados na mesma série dodecafônica (à exceção do final da música, onde se ouve uma clara e irônica alusão aos <i>Noturnos</i> de Chopin), não aparecem como que derivados de uma célula-fundamental. Vê-se, assim, a mesma tentativa de apropriação criativa da História da Música desembocar em soluções composicionais radicalmente distintas: irônica, em Peña, e reapropriadora, em Deresckei.</p> cazarim de beauvoirhttp://www.blogger.com/profile/05846667016830492377noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4124235467408035092.post-23025996724250366682011-04-19T09:32:00.001-03:002011-04-19T09:32:23.918-03:00ipsis literis<p>considerar o som como uma perturbação do ar e do tempo, como a força de desestabilização ordenadora do espaço. pensar a música como o devir-animal, devir-vegetal, devir-inumano, devir-humano. o som – por extensão, a música – é uma perturbação <em>física</em>.</p> cazarim de beauvoirhttp://www.blogger.com/profile/05846667016830492377noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-4124235467408035092.post-67147870994234900162011-03-01T10:19:00.001-03:002011-03-01T10:24:55.760-03:00sobre gesualdo e foucault<p>é-me impossível não ser acometido, acossado, assombrado, embasbacado, atravessado, suplantado de mim mesmo, descentrado, deslocado, tresloucado, esmagado, diluído, esparramado, dispersado etc. é necessário pensar, como talvez o careca o tenha feito, a literatura (e por que não juntar a ela a música) como instrumento de poder? é, talvez não se possa escapar disso. mas isso é a <em>única</em> forma de ação de literatura, das artes? </p> <p>sei que, depois de pensar no comentário do roberto machado sobre a relação de foucault com a literatura na virada de sua arqueologia do saber para a genealogia do poder, não é possível ser inocente. mas também não é possível ser <em>comunista</em> com a arte. a solução provisória que antevejo, pelo menos parte de seu começo, seria pensar em alguma forma de abertura que não a da interioridade. pensar a abertura do <em>exterior</em>, <em>no</em> exterior. abertura do aberto. uma tautologia que dá chance ao maravilhamento, ao deslocamento do sujeito. não é necessário, pois, o recurso ao mundo interior e à objetividade. é, ao contrário, pensando em que dimensão de materialidade, em que superfície, é possível situar o maravilhamento. pelo discurso, foucault chega ao poder. seria, então, esse o lugar em que deveríamos nos situar? ou, se quisermos evitar algum possível (mas não-comprovado nem talvez comprovável) “perigo” (palavra perigosa, aliás) de uma análise que situasse a literatura numa geneolgia do poder, se quisermos outro lugar para a discussão, onde poderíamos dizer que esse maravilhamento deveria estar localizado, em algum outro tipo de prática? mas é possível uma prática que não seja, em algum nível, discursiva? isso só seria possível se esquecêssemos a formação de objetos de saber e poder. eles existem?</p> cazarim de beauvoirhttp://www.blogger.com/profile/05846667016830492377noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4124235467408035092.post-40368519944291925732011-01-21T08:52:00.001-02:002011-01-21T08:52:38.934-02:00sobre deleuze e beethoven<p>certa rudeza, certo descabimento, ou anticlassicismo, ou antiformalismo, ou anti-ipsismo, ou o que o valha.</p> <p>mas há o arrebatamento do “j” em <em>o abecedário</em>, na S<em>onate für das Hammerkalvier</em> e nos quartetos do final da vida.</p> <p>há essa incompatibilidade entre eles e mim. e a alegria (trágica) pelo excesso, pelo transbordamento do umbigo, pelo que é indiferente à minha singularidade, que a transpassa, que dá lhe qualquer fulguração. ou seja, que literalmente <em>transversa-lhe</em>.</p> cazarim de beauvoirhttp://www.blogger.com/profile/05846667016830492377noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4124235467408035092.post-13814553745403425772010-08-22T14:39:00.001-03:002010-08-22T14:41:47.099-03:00beethoven [2]<p>não há temas na história da música erudita ocidental mais mal compreendidos do que o que se convencionou chamar de forma sonata e sistema tonal. a respeito e a despeito dessas compreensões <em>vulgares</em>, lanço apenas algumas pontuações, <em>pontiagudizações</em>, a bem dizer:</p> <p> </p> <p>basta ouvir o último movimento do <em>trio op. 97</em> de beethoven, os vários compassos em que um grande acorde de sétima sobre a tonalidade principal (Bb – Bb7, portanto) funciona como a mesma geração de tensão do que o acorde ríspido, gritado, que abre o movimento, que adia a apresentação efetiva da resolução (definição da tonalidade principal). além desse caráter de adiamento, o de <em>elisão</em>: elisão como <em>princípio de dissolução</em> que transforma a mesma insistência no acorde de Bb7 em uma impossibilidade de se definir se se trata de uma simples retransição, ou de uma interrupção abrupta no desenvolvimento, tão ríspida quanto o Bb7 do início do <em>Allegro Moderato</em>… eis porque os analistas entendem a forma do pior modo possível, como mera fôrma (reformas ortográficas, fica pra próxima, beijos.) na qual se incrustam “áreas tonais” (nada mais falacioso que um conceito aparentemente flexível…). o jogo e o drama, tensões, <em>arsis </em>e <em>thesis</em>, tudo isso é mais fundamental do que esses artifícios técnicos retrospectivos.</p> <p> </p> <p>e aos teóricos nem se pode desculpar a ingenuidade. mas talvez neles se possa desculpar <em>criticamente </em>a <strong><em>falta de ingenuidade</em></strong>.</p> cazarim de beauvoirhttp://www.blogger.com/profile/05846667016830492377noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4124235467408035092.post-38989526193339923852010-08-06T10:25:00.003-03:002010-08-06T10:38:23.372-03:00beethoven [1]: os nãos solaresa surdez de beethoven, progressiva, representa, neste homem de espírito, a progressiva liberação do gesto. "não" e "redenção" rimam e aliteram entre si porque são dissonantes, inoportunos com o caráter impeditivo das negativas. beethoven faz a experiência de ser anacrônico, de não pertencer a tempo nenhum, experiência da privação. mas o que é original, e originário, na forma como a privação é experimentada, assimilada e efetivada por beethoven é que ela é provedora, criativa. (heidegger: "[diante do abismo] caímos para o alto"; joão cabral de melo neto: "cultivar o deserto/ como um pomar às avessas"; robervaldo linhares: "sou rio fluente/ rindo da dor".) beethoven, o homem que fez do não a matéria-prima do fim da vida. beethoven que não evitou, mas <em>amou</em> seu não, levou-o às últimas consequências (outra vez: <em>amor fati</em>.), beethoven cuja arte não recalca, mas que também não sai do círculo, porque o faz ser aquilo que ele é, beethoven que se pôs diante do abismo, que foi até as profundezas sem no entanto se <em>afogar</em>. beethoven, o homem que encontra, no abismo, o <em>sol</em>.cazarim de beauvoirhttp://www.blogger.com/profile/05846667016830492377noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-4124235467408035092.post-75720928367223115882010-04-03T22:15:00.001-03:002010-04-03T22:15:42.140-03:00das grandezas símiles<p>a água e o ar se unificam no órgão de tubos e na chuva densa do cerrado: a grandeza sonora que nos abarca e anula.</p> cazarim de beauvoirhttp://www.blogger.com/profile/05846667016830492377noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4124235467408035092.post-65770156393019029302009-10-13T01:19:00.001-03:002009-10-13T01:19:09.755-03:00impressões ultrapessoais a partir do “adagio em si menor” de mozart<p>à beira do romantismo, ou, em termos musicais, na <em><strong>coda </strong>do meu classicismo</em>, será possível a picardia após todas as modulações?</p> cazarim de beauvoirhttp://www.blogger.com/profile/05846667016830492377noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4124235467408035092.post-62171862052656940252009-07-23T15:12:00.001-03:002009-07-23T15:13:05.818-03:00mau humor meridiano<p>se fala da “boa música” como se: 1) o juízo particular pudesse ser a garantia definitiva, derradeira; 2) <em>houvesse</em> um juízo que poderia <em>garantir. </em>para retomar, parafraseando, a velha alfinetada de nietzsche contra kant, porém, ignoradas as distinções kantianas entre <em>a piori </em>e <em>a posteriori</em>, juízo sintético e juízo analítico: não se questionou sequer se os juízos sintéticos <em>a priori </em>deveriam<strong> </strong>ser <strong><em>possíveis</em></strong>.</p> cazarim de beauvoirhttp://www.blogger.com/profile/05846667016830492377noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4124235467408035092.post-82921295884961883942009-04-22T12:38:00.003-03:002009-04-22T12:43:01.543-03:00comentário acerca dos românticos e do isolamentotenho sido nos últimos 15 dias um completo incompetente social, esta modalidade por um lado difícil e por outro cômoda de me <em>envolver</em> com as pessoas. com isso quero dizer que me é impossível negar como, antes de sociável, ser já sociado e, principalmente, anti-romântico. no fundo, descubro que o romantismo foi mal interpretado pela modernidade e mais mal interpretado ainda pela pós-modernidade, essa qualquer-coisa-aí nefasta e boçal. o romantismo, em música, é mais simples de ser entendido e conceituado do que em literatura ou qualquer outra arte ou política. basta olhar a amplitude dos arcos (<em>e não a supremacia de um destes elementos, da amplitude, como nos modernos, ou dos arcos, como nos estruturalistas</em>).cazarim de beauvoirhttp://www.blogger.com/profile/05846667016830492377noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-4124235467408035092.post-13396924230721604782009-03-12T12:01:00.002-03:002009-03-12T12:07:31.102-03:00salvaçãosalvação cristã sempre vem acompanhada de redenção. em inglês, <em>to save</em> tem às vezes aquela conotação de guardar, como no caso do <em>to save a file</em> no computador. em alemão, <em>Rettung</em> diz também resgate. quando vêm Brahms, Fauré, Beethoven, Mozart e todos os que me as-/con-<em>solam</em>, salvação vem resgatar o que em mim parecia perdido; me faz novamente pisar o <em>solo;</em> me salvam <em>o</em> mundo, jamais me salvam <em>d</em>o mundo.cazarim de beauvoirhttp://www.blogger.com/profile/05846667016830492377noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-4124235467408035092.post-88769697660710106792009-03-02T18:32:00.005-03:002009-04-22T12:46:12.629-03:00investigações sobre a natureza ondulatória da angústia [12]<div align="center">ou</div><br /><div align="center">"o meu direito ao não-grito"</div><br /><div align="center">ou</div><br /><div align="center">"a hora da estrela cadente"</div><br /><div align="center">ou</div><br /><div align="center">"treze títulos(?)"</div><br /><div align="center">ou</div><br /><div align="center">"a morte necessária em plena vida"</div><br /><div align="center">ou</div><br /><div align="center">"o retorno do susto"</div><br /><div align="center">ou</div><br /><div align="center">"nietzsche é um capeta"</div><br /><div align="center">ou</div><br /><div align="center">"falta-me um pouco de 'mais do mesmo'"</div><br /><div align="center">ou</div><br /><div align="center">"borges blefou"</div><br /><div align="center">ou</div><br /><div align="center">"borges errou"</div><br /><div align="center">ou</div><br /><div align="center">"borges medrou"</div><br /><div align="center">ou</div><br /><div align="center">"impossível me livrar deles"</div><br /><div align="center">ou</div><br /><div align="center">"o quanto posso resistir a sós"</div><br /><div align="center">ou</div><br /><div align="center">"dos assédios"</div><br /><div align="center">ou</div><br /><div align="center">"da dança e da abertura do ser"</div><br /><div align="center">ou</div><br /><div align="center"></div><br /><div align="left">simplesmente: do fato. do fato de nietzsche e todos esses que sempre aparecem pelos meus posts me assombrarem, esses fantasmas de correntes <em>nos meus pés</em> com bola de ferro a me arrastarem, esses meus caríssimos de quem não abro e não sei abrir mão. simplesmente do fato de eu perceber que a angústia, por enquanto, é o que sobressai em mim. do simples fato de eu, para minha salvação, ter me encontrado comigo mesmo. como beethoven, esse homem que perdeu todo o som e teve que produzi-lo a partir do silêncio, esse silêncio é o que eu talvez tenha ouvido depois de tanto tempo. o quanto suporto estar a sós?, e a pergunta me põe diante de mim mesmo, para adiante. esse beethoven alienado a contragosto, esse homem do silêncio forçado, esse silêncio que jorrou em <em>Grosse Fugel</em>, na <em>Nona </em>e na <em>Sonate für das Hammerklavier</em>, essas fontes de som viril, inimagináveis à época. e até hoje nos parecem um assombro. pelo simples fato de dançar ter acontecido, de eu ter me aberto sem que eu soubesse o som. <em>pelo simples fato de talvez ser justamente essa ignorância que me salvará um dia de me tornar surdo ao que eu não ouço</em> - e isso é um paradoxo que só eu entendo bem.</div><div align="left">e tudo volta, perfeito anel de serpente que morde a própria cauda.</div><div align="left"></div><div align="center"> </div><div align="center">ou</div><div align="center"> </div><div align="center"></div><div align="center">"borges não sabe de nada"</div>cazarim de beauvoirhttp://www.blogger.com/profile/05846667016830492377noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4124235467408035092.post-67486747338540592982009-03-01T18:54:00.002-03:002009-03-01T19:00:57.561-03:00investigações sobre a natureza ondulatória da angústia [11]agora é a ausêcia de um heidegger, de uma lispector ou de um nietzsche que me põe a escrever: (notei que me é difícil, enquanto danço, o movimento frenético, expansivo e seguro. meu corpo não se abre. se enquanto se daça o corpo é o ser, então dançar sempre me mostra o quanto é difícil essa abertura de ser. e a pergunta que me assaltou súbita foi: qual o som de minha abertura de ser?, mas, por enquanto, só sei que estou em silêncio e ainda surdo.) é que essa ausência me dá espaço e me dá a mim mesmo.cazarim de beauvoirhttp://www.blogger.com/profile/05846667016830492377noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4124235467408035092.post-32782114709221748422009-02-10T18:21:00.001-02:002009-02-14T19:26:44.269-02:00loreley<p><em><font size="1">“1. Ich weiss nicht, was soll es bedeuten, <br />dass ich so traurig bin; <br />Ein Märchen aus alten Zeiten, <br />das kommt mir nicht aus dem Sinn. </font></em></p> <p><em><font size="1">Die Luft ist kühl und es dunkelt, <br />Und ruhig fließt der Rhein; <br />Der Gipfel des Berges funkelt <br />Im Abendsonnenschein. </font></em></p> <p><em><font size="1">2. Die schönste Jungfrau sitzet <br />Dort oben wunderbar; <br />Ihr goldnes Geschmeide blitzet, <br />Sie kämmt ihr goldenes Haar. </font></em></p> <p><em><font size="1">Sie kämmt es mit goldenem Kamme <br />Und singt ein Lied dabei; <br />Das hat eine wundersame, <br />Gewaltige Melodei. </font></em></p> <p><em><font size="1">3. Den Schiffer im kleinen Schiffe <br />Ergreift es mit wildem Weh; <br />Er schaut nicht die Felsenriffe, <br />Er schaut nur hinauf in die Höh'. </font></em></p> <p><em><font size="1">Ich glaube, die Wellen verschlingen <br />Am Ende Schiffer und Kahn; <br />Und das hat mit ihrem Singen <br />Die Lore-Ley getan.”</font></em></p> <p><font size="1">Heinrich Heine</font></p> <p><font size="2"></font></p> <p><font size="3"></font></p> <p><font size="2">ulisses insistia em dizer para lóri as coisas que ela não sabia ouvir. aprendizagem de ouvir. “<em>Am Ende Schiffer und Kahn”</em> são devorados: é o canto que ela, desde sempre, entoa(, mas que só agora aprendeu a também ouvir) (sem ser tragada para dentro dele). (é que lóri buscava o outro e aprendeu a ficar a sós consigo mesma. foi o caminho mais difícil, porém, o único possível. ulisses, por sua vez, reconhecendo que lóri também era um fora, pôde enfim ir para dentro dela. isso quer dizer: <em>ouvi-la enfim</em>.)</font></p> <p><font size="2"></font></p> <p><font size="2"> </font></p> cazarim de beauvoirhttp://www.blogger.com/profile/05846667016830492377noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-4124235467408035092.post-67475100940358572452009-01-25T21:24:00.000-02:002009-01-31T21:25:58.765-02:00a reta e a curva<p>o que é reto na <em>mélodie</em> e na <em>chanson</em>? aparentemente, nada. aparentemente? não o saberia dizer. só sei que, por enquanto, não me parece ser a melodia que faz a curva. o portamento é da própria língua, fluida e semilíquida. <em>la couleur et le mots s’épuisent</em>. a cor é que se põem portamento, escorregadia que é de fonemas e sutilezas. ela, portamento no sentido mais literal: o que porta, carrega, conduz. a melodia é a dos fonemas, a própria música é a língua. donde se haverá de reconhecer, portanto, que a música é mais do que a música. algo como nos disse clarice: “eu sou mais forte do que eu.”. donde se há se reconhecer, desde já, que a música não está aí nesses sons, <em>mais elle tout dépasse. dépasser signifie surtout <strong>reprendre</strong>. </em></p> <p><em></em></p> <p><em>donde se há de reconhecer, necessariamente, que a música é torta por essência quando tentamos conceituar seus caracteres. </em>ela, entretanto, é muito (di)reta quando simplesmente a ouvimos. o que não faz torta a nossa tentativa conceituadora. ao contrário, é justamente nestas brechas que temos acesso à tortuosidade, que é a essência mesma da música. o que parece capenga é, de fato, capenga,<em> e nem deveria ser de outro modo.</em> aceitá-lo faz parte do grau necessário de humildade que é preciso ter quando se quer acessar o mundo, sendo, obrigatoriamente, por ele acessado. não abrir mão do que é disforme, ou seja, o que não é <em>conforme</em> “nossa imagem e semelhança”, impede de ver. e ver não é para os petulantes (incluídos aqui os <em>falsos</em> humildes).</p> cazarim de beauvoirhttp://www.blogger.com/profile/05846667016830492377noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4124235467408035092.post-28463250026942135872008-11-09T13:49:00.003-02:002008-11-09T13:54:26.406-02:00à l'égard de vendredi et d'aujourd'huiguarnieri e a questão sobre a genuína brasilidade. e os contrapontos, e os jesuítas, e os microtons. e congadas. e bach e a europa. e os corpos em samba, e os pontos de macumba. laroyè!, exu é mojubá!, e afins. e a falta de um ponto para eu arranjar. e coros, e semitons. mas que venham, os corpos, os toques, os tons (micro, semi etc.), as tonalidades sonoras e coloridas. que venha o espaço aberto pelo encantamento. com e sem feitiços.<br /><br />e nada justifica que dois sons e dois átomos e duas existências juntas façam sentido. a despeito disso, elas fazem sentido.cazarim de beauvoirhttp://www.blogger.com/profile/05846667016830492377noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4124235467408035092.post-19087998494163459012008-09-15T12:49:00.007-03:002008-11-28T15:41:03.070-02:00investigações sobre a natureza ondulatória da angústia [6]0. <em>Prefácio</em><br /><br />"o trítono de um modo lócrio não pode levar à audição de uma sensível se resolvendo numa dominante." longe de ser uma constatação, que isso seja uma <em>ordem</em>, digo, esse poder(-levar-a). ordem possui ora o sentido imperativo daquilo que manda, ora o sentido classificatório daquele que ordena. pois bem, uso-o em dupla acepção simultânea para o que segue.<br /><br /><br /><br />1. <em>Meus dois nãos</em><br /><br />o encontro com a angústia é sempre uma experiência terrificante da solidão sem contingência. a solidão como singularização. (há quem prefira essa tradução em textos de nietzsche e heidegger. ambas, porém, remetem ao romantismo. a questão nem é saber se o romantismo estava certo ou não quanto à singularidade do ser. o que importa é determinar o movimento que estes pensadores tentam iniciar ao utilizar tais termos.) a solidão como singularidade cotidiana. o modo de ser próprio, recuso-o como estranheza. a estranheza vem com o primeiro não, a saber, aquele do medo (da angústia). medrando, o não <em>refuta</em>. refutando, porém, nada faz senão continuar no jogo daquilo que quer destruir. <em>amando, <strong>afirmando às últimas conseqüências</strong>, é que o não pode enfim <strong>transvalorar. transvalorar é, assim, o círculo elevado à sua exponencialidade.</strong></em><br /><strong><em></em></strong><br /><br />2.<em> O som dos nãos</em><br /><em></em><br />O primeiro não grita rouco; o outro, <em>sussurra como baixo profundo</em>. O primeiro não vem da euforia em todos os seus desdobramentos. O segundo não é criativo, ou seja, <em>ordena</em>.cazarim de beauvoirhttp://www.blogger.com/profile/05846667016830492377noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-4124235467408035092.post-30749503317126699082008-08-29T19:30:00.008-03:002008-09-15T13:22:42.737-03:00nota sobre as "investigações sobre a natureza ondulatória da angústia" [3]<span style="font-size:85%;">cf. tb o seguinte trecho de Lispector (<em>Uma Aprendizagem ou O Livro dos Prazeres</em> -grifos meus), em que a autora permite realizar um diálogo duplo com Heidegger (medo, dor e angústia) e Nietzsche (alegria e dor):<em> </em>"[Lóri] percebia em si a vontade intensa quase pungente de se lamentar, de acusar, sobretudo de reivindicar. Parecia-lha que já fora tão experimentada que agora lhe deveria chegar, dentro da lógica romântica dos humanos, a hora de receber a paz. Já nem ousava pensar em alegria, que ela não sabia propriamente como era, mas em paz. O que seria uma alegria? Ainda teria capacidade de reconhecê-la, se viesse? Ou já era tarde demais para que soubesse distingui-la. Pois ela adivinhava que <strong>a alegria viria talvez como um som simples quase aquém do nível de audição</strong>. [...]</span><br /><span style="font-size:85%;">Ela agora estava só para a dor que tivesse que vir. [...]</span><br /><span style="font-size:85%;">Sabia por enquanto que doía muito e que depois ainda doeria mais pois sofreria a falta d'Aquele que, mesmo se não existisse, ela amava porque era uma célula dele. E talvez viesse a se salvar: porque <strong>a angústia era a incapacidade de enfim sentir a dor</strong>. Pensou: nunca tive a minha dor. Por falta de grandeza, sofrera suportavelmente tudo o que nela havia a sofrer. Mas agora sozinha, amando um Deus que não existia mais, talvez tocasse enfim na dor que era dela. <strong>Angústia era também o<em> medo</em> de sentir enfim a dor</strong>."</span><br /><span style="font-size:85%;">Fica evidente que a alegria não pode ser caracterizada como contentamento, nem sequer é pacífica; por sua vez, a angústia não parece ser o que propicia a abertura ao mais próprio do ser, já que encobre (impede de tocar) a dor trágica de se existir ("se" em sentido reflexivo, jamais impessoal). Ora, que fenômeno é o mais característico da existência trágica? Não é exatamente o que Nietzsche chama de vontade <em>alegre</em>? Porém, ainda falta caracterizar, talvez dentro da discussão nietzschiana dos niilismos, como a angústia enquanto medo diz seu não (ou seja, em que consiste o não da angústia-medo) e como a angústia alegre faz soar seu não.</span>cazarim de beauvoirhttp://www.blogger.com/profile/05846667016830492377noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-4124235467408035092.post-4310063928723438552008-08-11T21:11:00.006-03:002008-08-11T21:21:19.793-03:00o som da angústia.como um abafado e engasgado. vomitando, vomitando, e que não se vomita. a negação de mim que me projeta para diante do que, antes de negado, me era renegado. a saber: a angústia. que não ressoa como grito, visto oca. a angústia ressoa, no entanto. muda? não. a angústia ressoa o vácuo. a negação não é a rejeição: negar até as últimas conseqüências é resgate. resgato o que de mim, escondido, eu simplesmente deixava ser naturalmente. a negação, longe da artificialidade, é a potencialização da naturalidade que se destrói para se salvar, dionisíaca. a angústia é a filha mais próspera e generosa de dionísio. e ressoa vácua. qual o som da angústia?: <em>seu som é - <strong>não</strong></em>.cazarim de beauvoirhttp://www.blogger.com/profile/05846667016830492377noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4124235467408035092.post-58463594904772869742008-06-07T10:18:00.005-03:002008-06-07T10:21:40.295-03:00após uma aula de piano com luiz medalha, audições de schumann, berg e bach e leituras de heidegger e monteiro lobatoas vozes intermediárias!!, cante as vozes intermediárias! o canto não é o velamento: o canto é a voz da iara que submerge a razão fraca. apenas a razão fraca. mas não esquecer dos baixos e sopranos, não te esqueças dos harmônicos que convocam as vozes intermediárias.cazarim de beauvoirhttp://www.blogger.com/profile/05846667016830492377noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4124235467408035092.post-48942118206384168102008-04-30T16:01:00.006-03:002008-04-30T16:10:27.850-03:00sobre os pares dicotômicosbach X händell; mozart X beethoven; beethoven X schubert; chopin X liszt; satie X debussy; guarnieri X villa-lobos; schoenberg X webern.<br /><br />a propósito de liszt: a leitura recai sobre o corpo, sobre a mão que, impossível de ser impedida, tudo pode; o pertecimento comprimindo (jamais reprimindo), e espocando em criações, inigualável, inigualáveis; a leitura recai sobre o corpo que cria, comprimido, como o quiseram czerny e as amantes do húngaro que só falava francês e alemão.<br /><br />sobre dicotomias e pares: o paradoxo que não se pode evitar é que sejam, <span style="font-style: italic;">concomitante e necessariamente</span>, pares e dicotômicos.cazarim de beauvoirhttp://www.blogger.com/profile/05846667016830492377noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4124235467408035092.post-92023309405000736402008-04-17T16:36:00.002-03:002008-04-17T16:43:02.658-03:00do uso inteligente da prosódiatenho discutido muito com a laiana sobre a colocação de música no texto. ou, como prefiro dizer, a colocação <em>do texto</em> <em>em música</em>. mas a prova definitiva de que a prosódia deve ser explorada como o texto - e não somente a pronúncia dita natural - pede me veio hoje ao ouvir o caminhão da pamonha (isso é sério). o texto, se falado normalmente, seria acentuado (sílabas em negrito) do seguinte modo:<br /><br />"olha a pa<strong>mo</strong>nha. [...] pamonha de <strong>sal</strong>, pamonha de <strong>do</strong>ce, apimen<strong>ta</strong>da, todas elas com <strong>quei</strong>jo."<br /><br />já o texto publicitário, por motivos de ênfase:<br /><br />"olha <strong>a</strong> pamonha. [...] pamonha de <strong>sal</strong>, pamonha de <strong>do</strong>ce, a<strong>pi</strong>mentada, todas elas <strong>com</strong> queijo."cazarim de beauvoirhttp://www.blogger.com/profile/05846667016830492377noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4124235467408035092.post-47159411439164445942008-04-02T10:24:00.002-03:002008-04-02T10:28:27.010-03:00wagner 1 X nietzsche 0nietzsche, que fala tanto em tensões, implicou justamente com a rugosidade que wagner tão bem começou a desvelar (mas que só em debussy, stravinsky e schoenberg ganharia corpo). isso compreendo, <em>mas não apóio</em>.cazarim de beauvoirhttp://www.blogger.com/profile/05846667016830492377noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4124235467408035092.post-8242434557192575702008-03-23T09:59:00.003-03:002008-03-23T10:20:59.361-03:00a bailarina da sapatilhaexiste o fascismo e a dor que nos fazem pertencer. o pertencer que todo pertencimento abre é metafísica e transcendência. a rigidez do pertencimento e o calo pertencem à configuração do gesto enquanto gesto e enquanto o que vai para além do gesto <span style="font-style: italic;">dentro</span> do gesto. a bailarina é da sapatilha, os calos são da dança: é uma entrega ao que não se é, é pertencer ao que ainda não existe. é passar. não é criação a metafísica: é <span style="font-style: italic;">transvaloração</span>. é <span style="font-style: italic;">arsis</span> e <span style="font-style: italic;">thesis</span> com o alfa privativo, pertencimento ao gesto da transvaloração. o pertencer de todo o pertencimento é o alfa privativo.cazarim de beauvoirhttp://www.blogger.com/profile/05846667016830492377noreply@blogger.com0