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domingo, 25 de janeiro de 2009

a reta e a curva

o que é reto na mélodie e na chanson? aparentemente, nada. aparentemente? não o saberia dizer. só sei que, por enquanto, não me parece ser a melodia que faz a curva. o portamento é da própria língua, fluida e semilíquida. la couleur et le mots s’épuisent. a cor é que se põem portamento, escorregadia que é de fonemas e sutilezas. ela, portamento no sentido mais literal: o que porta, carrega, conduz. a melodia é a dos fonemas, a própria música é a língua. donde se haverá de reconhecer, portanto, que a música é mais do que a música. algo como nos disse clarice: “eu sou mais forte do que eu.”. donde se há se reconhecer, desde já, que a música não está aí nesses sons, mais elle tout dépasse. dépasser signifie surtout reprendre.

donde se há de reconhecer, necessariamente, que a música é torta por essência quando tentamos conceituar seus caracteres. ela, entretanto, é muito (di)reta quando simplesmente a ouvimos. o que não faz torta a nossa tentativa conceituadora. ao contrário, é justamente nestas brechas que temos acesso à tortuosidade, que é a essência mesma da música. o que parece capenga é, de fato, capenga, e nem deveria ser de outro modo. aceitá-lo faz parte do grau necessário de humildade que é preciso ter quando se quer acessar o mundo, sendo, obrigatoriamente, por ele acessado. não abrir mão do que é disforme, ou seja, o que não é conforme “nossa imagem e semelhança”, impede de ver. e ver não é para os petulantes (incluídos aqui os falsos humildes).

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