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segunda-feira, 15 de setembro de 2008

investigações sobre a natureza ondulatória da angústia [6]

0. Prefácio

"o trítono de um modo lócrio não pode levar à audição de uma sensível se resolvendo numa dominante." longe de ser uma constatação, que isso seja uma ordem, digo, esse poder(-levar-a). ordem possui ora o sentido imperativo daquilo que manda, ora o sentido classificatório daquele que ordena. pois bem, uso-o em dupla acepção simultânea para o que segue.



1. Meus dois nãos

o encontro com a angústia é sempre uma experiência terrificante da solidão sem contingência. a solidão como singularização. (há quem prefira essa tradução em textos de nietzsche e heidegger. ambas, porém, remetem ao romantismo. a questão nem é saber se o romantismo estava certo ou não quanto à singularidade do ser. o que importa é determinar o movimento que estes pensadores tentam iniciar ao utilizar tais termos.) a solidão como singularidade cotidiana. o modo de ser próprio, recuso-o como estranheza. a estranheza vem com o primeiro não, a saber, aquele do medo (da angústia). medrando, o não refuta. refutando, porém, nada faz senão continuar no jogo daquilo que quer destruir. amando, afirmando às últimas conseqüências, é que o não pode enfim transvalorar. transvalorar é, assim, o círculo elevado à sua exponencialidade.


2. O som dos nãos

O primeiro não grita rouco; o outro, sussurra como baixo profundo. O primeiro não vem da euforia em todos os seus desdobramentos. O segundo não é criativo, ou seja, ordena.

1 comentários:

Passionária disse...

Heidegger é demasiado preso à palavra, para meu gosto,claro. E como traduzir é traír, não me parece que lhe compreendamos totalmente o sentido. Reconheço, de qualquer modo, a necessidade dele de criar novas palavras, cunhá-las com bocados de outras para exprimir precisamente uma ideia, um sentimento, um estado. Calha é não sermos todos Heidegger, nem poder sê-lo. Num mar de novas palavras cunhadas o espaço comum dos falantes limitar-se-ia a trivialidades quotidianas, pois o discurso estaria cheio de implicaturas incompreensiveis fora de nós enquanto ser presente (dasein). Assim fazemos o melhor que podemos, usando os caminhos trilhados das palavras já existentes para traduzir o que se sente, como a angústia. Confesso que sempre que escrevi nunca consegui traduzir, para elas, aquilo que se sente. Como se escreve a angústia, ou a perda, ou a dor ou outra coisa qualquer? Não escreve. Ou escreve recriada, romanceada, revivida, analisada, esquematizada. O escrevedor, como o poeta de Fernando Pessoa, é um fingidor. Assim podemos deixar por dizer o que não se diz, como as angústias e todas as outras coisas íntimas, muitas vezes sem nome, ou escrevê-las, mas comn um fim, como ponto de partida, pedra de toque ou tijolos de construção. De si, só por si não se define. Nem tem por que se definir.

i.

Ps: duas coisas: sempre detestei linguística, até perceber que é (muito) a explicação do mundo. Experimente pegar-lhe.

Ps2: venho poucas vezes, mas cada vez que venho, põe-me sempre a pensar. Boa :).